Olá galerinha do mal. Postando o 3° cap! Pretendo manter este ritmo, +/- um cap por mês! Comentem!
Agora temos duas novas ajudantes para me dar uma mão na correção e no ritmo da historia! Enfim, se divirtam!
============================================
Capitulo
3°
Novos Amigos
A moto sumia enquanto
Argelux se aproximava da pensão, levantado a poeira da estrada de terra batida
que dava acesso ao local. Como de costume o portão duplo de entrada feito de
ferro fundido estava aberto, mas rapidamente Argelux nota que havia uma moto
negra de guidão cromado estacionada perto da escada que dava na porta de
entrada.
- Eles chegaram aqui? - pensava em voz alta enquanto descia da
moto e corria em direção à porta da hospedaria. Era
uma construção antiga, o chão era de taco e as portas e janelas eram de ferro,
todas enferrujadas com o passar do tempo e má preservação. As paredes eram
feitas de madeira de lei, grossas e bem encaixadas e o telhado por sua vez era
feito com telhas de barro escuro com um forro de madeira que em alguns pontos
deixava escapar um forte cheiro de mofo. A decoração seguia um padrão estranho,
em muitos pontos havia pergaminhos antigos emoldurados, em outros quadros da
época antiga, Ray também parecia gostar de armas brancas pois havia varias
espalhadas pela casa, penduradas nas paredes, entre elas maças, sabres, espada
longas entre outros, assim como armaduras das mais variadas culturas e épocas.
Tudo tinha um ar rústico e antigo, mas raramente chegavam a juntar poeira uma
vez que eram sempre espanadas e limpas. A sala principal era um dos únicos
cômodos que não seguiam este padrão, tendo sofás de estampas coloridas, uma TV
de tela plasma grande além de cadeiras e uma mesinha de centro, tudo feito
evidentemente para ser uma área “comum” para os hóspedes, que a mais de seis
meses se resumiam apenas a Argelux.
O quezzer controlador de sangue adentra a estalagem e
arregala os olhos ao ver o sangue rodeando um corpo, mas antes de pensar no
velho Ray percebe pela roupa que o defunto usava que era o membro da facção que
o havia atacado. O rosto do motoqueiro estava deformado e amassado no chão,
como se tivesse sido acertado com muita força por um objeto contundente. Sua
aguçada audição detecta o respirar forte de alguém vindo de trás da porta do
toalete e com calma, mas ainda em alerta, caminha por entre a sala principal
indo até o lavabo e abrindo a porta lentamente. Vê para sua surpresa uma
garota, com 15 ou 16 anos segurando um taco de beisebol todo ensanguentado. A
jovem tinha olhos azuis profundos, cabelos loiros e compridos até as costas e
usava um belo vestido branco que ia até um pouco depois do joelho, mas estava
rasgado na lateral e sujo de sangue na parte frontal. Os olhos da jovem não
delatavam medo, mas sim uma agressividade intensa. Argelux notou que ela estava
prestes a virar o pulso para goleá-lo quando a voz de Ray soou pela hospedaria.
- Argelux é você?
A jovem contém o golpe enquanto Argelux sorri
se afastando da porta indo em direção ao velho.
- Ray, que bom saber que está bem. É um alívio, um grande alívio.
- Se preocupa muito comigo meu jovem, mas vejo que é você quem está
com problemas. - Falava enquanto entrava no toalete dando seu terno para a
jovem, falando para a mesma vestí-lo e acompanhá-lo até a sala.
Argelux olha então para
suas roupas e só então percebe seu estado, a calça estava rasgada e suja de
sangue e tinha buracos causados pelo fogo em vários pontos. A camisa tinha
quase toda sumido durante o incêndio deixando amostra seu abdômen. Ele então
sobe para seu quarto jogando suas roupas no lixo e se troca com novas
vestimentas. Sabia que aqueles homens não voltariam a incomodá-lo durante um
tempo após ter usado sua aura assassina, mas ainda se preocupava com quem havia
sido o mandante.
Desce então as escadas,
indo em direção à sala principal. A jovem de antes estava ainda com o terno
sobre sua roupa, porém agora sentada na mesa de jantar tomando um chá quente,
servido por Ray que estava ao lado dela.
Ray Dallos era um homem de meia idade, porém
de porte imponente, com cabelos grisalhos e um bigode sempre volumoso, mas bem
feito, o que combinava perfeitamente com suas roupas- ternos e roupas sociais
sempre alinhadas e limpas, mesmo quando fazia as tarefas ordinárias na
hospedaria.
O
jovem de cabelos brancos se aproxima, e quando começa a formular uma explicação
do por que de seus trajes anteriores e dos últimos eventos é interrompido pelo
velho que apenas pede “vá, se livre da bagunça que causou”, e logo Argelux
entende de qual bagunça ele se referia e o mais importante, que não queria
saber nem ter nenhuma explicação. Em muitos casos a ignorância era a melhor
sabedoria.
O jovem de cabelos brancos
recolhe o corpo do homem, o embrulhando em um lençol, levando-o até o fundo da
pensão onde havia uma floresta. Atrás de um velho carvalho enterra o homem
fazendo uma simples vala, então começava a procurar na carteira dele sua
identificação, e após ver seu nome em um documento joga a carteira dentro da
vala e começa a enterrar o corpo. Após isso pegava 2 troncos de madeira de tamanho
médio, os prendia com cipós e gravava o nome do morto com uma faca na madeira
da cruz.
- Richard era seu nome então. Não parece o nome de alguém
envolvido com as facções... É uma pena, mas provavelmente sua família nunca irá
saber onde está enterrado. – Este era o destino de alguém que se torna um
membro: Morrer no anonimato. Era assim que algum dia Argelux iria terminar, e
ele sabia disso muito bem, sempre soube.
Membro é uma denominação bem comum utilizada no submundo para identificar aqueles que fazem parte de alguma facção. Uma das
regras mais importante para as facções era a discrição, afinal eram elas
organizações secretas do submundo e mesmo que a polícia e sociedade de modo
geral fosse impotente contra um inimigo tão poderoso e bem estruturado, a comoção
geral poderia não só causar guerras civis dentro das cidades como destruir todo
controle e comodidade que eles detinham. Para aqueles dentro do submundo todas
as pessoas poderiam ser divididas em três tipos: Comuns, ranqueados, lixos.
Os que desconhecem o submundo, que acreditam
na policia ou no governo achando facções e quezzers coisas de “lendas” são
chamados de lixos. Totalmente impotentes, manipulados e cegos para a verdade,
eram a parte maioria da sociedade que vivia vidas infelizes e inúteis apenas
para manter aqueles que tinham o poder no topo.
A
imensa maioria que conhecia algo sobre o submundo era, como o nome sugere, os
comuns: Assaltantes baratos, mercenários gananciosos ou subordinados
obedientes. Os comuns eram usados como peões pelos lideres, enviados para
cumprir missões simples de assassinato ou ficar monitorando pontos de droga e
em alguns casos até mesmo controlar a corporação, afinal existiam também
maneiras legais de se acumular poder e influencia. Mas para cada 100 comuns um
poderia se destacar, fosse humano ou mais provavelmente um quezzer, e se tornaria
diferenciado e assim capaz de também fazer a diferença, estes membros então
começavam a ser classificados no chamado ranque.
Ranqueados tem poder e influencia tanto dentro da guild em
que atuam, como também começam a ser conhecidos em todo submundo e é claro
respeitados. Existe um total de 4 níveis diferentes para os ranqueados, sendo
eles D, C, B e A.
Quando Argelux sai do banho o dia começava a nascer, junto com uma
forte tempestade que engolia a cidade com ventos e trovões, mas era sempre
assim naquela cidade, sendo raros os dias de sol. Já trocado e descendo a
escada, nota a jovem de antes, já pronta também junto a Ray que servia um farto
café da manha.
- Bom dia Argelux. Sente-se – Dizia Ray para o quezzer que se
senta, já acostumado com a boa refeição servida pelo dono da hospedaria. Após
se servir de algumas torradas o jovem de olhos vermelhos enche o pulmão para
dirigir a palavra a jovem, mas é interrompido pela mesma.
- Eu sou Imori Yashiro, da família Yashiro - Se apresentou a jovem,
com um tom firme. Ela, assim como Ray, já imaginava que para um membro ter
aparecido na hospedaria procurando por Akumada o mesmo deveria também ser um
membro.
- Família Yashiro? Você é uma nobre? - Ele sorria para a jovem.
Entendia pouco sobre as famílias nobres, mas sabia o nome da maioria delas de cor,
em especial os Yashiros que eram os únicos nobres a viver na cidade.
- A Senhorita Yashiro disse-me que fugiu de casa, e estava
procurando um lugar para ficar. A princípio eu fui contra a ideia de abrigar
uma criança menor de idade na hospedaria... Mas ao saber que ela tinha bastante
dinheiro, eu resolvi conceder. – Os olhos de Ray pareciam ofuscados. Um homem
de sua idade costumava gostar de juntar economias e formar outros negócios.
- Sei... - Respondeu sem muito entusiasmo para o velho avarento.
Em seguida se levantou, foi até perto de Imori e fez uma curta reverencia, mais
por graça do que por etiqueta e então se apresentou para a pequena - Bem, mas
depois do que ocorreu ontem acho que é melhor me apresentar devidamente. Hoje
em dia podem me chamar de Argelux, mas já fui conhecido como Akuma o Demônio de
Sangue, vice-lider da Dark Blades.
Imori arregala os olhos, quase engasgando. O nome Akuma não era largamente
conhecido, mas a sua antiga facção sim. A Dark Blades foi conhecida durante
muitos anos como a mais violenta e sanguinária facção da cidade e seu líder
Raikkos era temido até mesmo pelo conselho pela sua maldade e crueldade.
Histórias antigas contam que ele era um poderoso espadachim que tinha grandes
poderes quezzers, e que pessoalmente havia treinado toda a elite da guild como
assassinos sem emoções.
- Pode me contar por que fugiu? - Conclui Argelux, se mostrando
bem interessado na historia da menina.
Imori
parecia uma adolescente revoltada pelas suas expressões de indiferença, ela nem
sequer importou-se com o gesto de Argelux de reverencia-la, ao contrario, ela
virou a face um pouco irritada e aproximou-se da janela e olhou a tempestade.
Logo em seguida, fechou as cortinas. – Porque eu estava cansada de ser tratada
como uma criança... Os adultos da minha família são todos dominados por ideais
hipócritas e moralistas empregados pelos meus pais. Não que eles saibam que o
que estão dizendo é uma farsa, pelo contrário, eles acreditam mesmo que o mundo
terá um futuro digno e justo. No entanto, eles acreditam que isso cairá do céu,
e sem derramar sangue. – Ela senta-se na mesa novamente, enquanto Ray segue
pelo corredor na direção da cozinha. – Eu tentei diversas vezes abrir os olhos
dessas pessoas idiotas, que são repreendidas por essas facções que acham que
podem fazer tudo. Inclusive, minha família é governada por uma facção, meus
pais não passam de fantoches. Mas as minhas tentativas foram todas frustradas.
– A menina parecia ter bastante rancor de sua terra natal e família. Ray logo
voltava com um café e colocava em cima da mesa, enquanto servia outro para
Argelux.
- Nesse tempo é muito conveniente tomarmos um café bem quente.
Está frio... – Ray dava uma golada na caneca. – A propósito, acho que terei que
mudar minha hospedaria, aqui não é mais seguro. Se os boatos se espalharem, eu
perderei muita freguesia... Não que eu tenha muitos clientes. – Na verdade, Ray
não tinha nenhum cliente há meses dado ao local de sua hospedaria, Imori era a
primeira depois de Argelux.
- Serio? Aqui é tão bom! Sabe, não fede como
o centro. O ar é puro e fica perto da floresta! É um ótimo local! – Protesta
Argelux, que sempre se sentiu acolhido na hospedaria.
- Um local mirado por facções agora, ou seja,
um local perigoso! – Concluía Ray.
- É irônico... – Dizia a bela Imori se
envolvendo no assunto – Fugi de casa para ficar longe da influencia das
facções, mas quase no mesmo dia elas já me prejudicam novamente... Infelizmente
parece que eles apenas respeitam outras facções mais fortes.
- Sei como é – Completava o jovem de cabelos
brancos, que se sentia culpado por ter levado membros até a hospedaria e, como
consequência, tê-la feito fechar. Então tem uma idéia idiota e louca, e por
impulso fala – E se a hospedaria fosse uma facção!? Eles iriam temer atacá-la,
não!?
- Se tivéssemos influencia no conselho iriam
sim. –Dizia Ray, que parecia ter um bom conhecimento do submundo, apesar de
nunca falar nada de como obteve esse conhecimento.
- Criar uma facção para não ser atacado pelas
outras facções? Que idéia estúpida! – Imori dava uma suave risada, irrompendo
pela primeira vez em sua cara fechada, mas logo a refaz ao perceber que Argelux
não estava brincando.
- Eu irei formar uma Facção! - Avisa o
quezzer de olhos vermelhos surpreendendo a todos no recinto, apesar de nem Ray
ou Imori mostrarem muito interesse ou levarem aquilo muito a serio. Mesmo assim
ele continua. - Você está certa Imori, este mundo não pode ser mudado com
palavras bonitas! Estamos afogados no mal, no caos, dominados por assassinos, o
único modo é mudá-lo por dentro. Irei criar uma facção diferente, onde só
entrarõ pessoas boas, de coração justo e que queiram mudar este mundo!
Naquele momento Imori não
sabia, e talvez nunca descobrisse, mas Argelux havia naquele instante decidido
uma nova meta de vida, que até então estava sem objetivo concreto, iria
governar as facções, governar a cidade e fazer dali um mundo melhor. Um sonho
gigante, que muitos achariam uma brincadeira de mal gosto ou algo vindo da
mente de um louco, muitos, mas não Argelux que levaria sua nova meta de vida a
serio.
– Hã? Sabe... Você não pode estar falando sério! Lamento, mas
acredito que esse seu sonho seja algo utópico de mais. Para você criar uma
facção, precisaria de no mínimo mais três membros, entre eles um conselheiro,
um vice-líder e um guarda-costas, isso sem contar que facções tão pequenas são
fracas e rapidamente eliminadas pelas outras. E você é bem hipócrita em
convidar uma garota de 16 anos para fazer parte de uma facção criminosa!
- Não será uma facção
criminosa! Além disso, aqui já temos três membros, o ultimo eu talvez saiba
onde encontrar. Se realmente crê que apenas palavras bonitas não poderão mudar
o mundo, una-se a mim. O que me diz?
- Três? Não lembro de ter concordado com
nada... – falava Ray para si mesmo, percebendo que os jovens estavam decidindo
as coisas por eles mesmos. Então se calou, não querendo se envolver com algo
problemático.
Imori dá de ombros. – Eu não tenh para onde ir. E se a hospedaria
do senhor Ray irá virar um quartel-general de uma facção, não posso pensar em
outra coisa a não ser aceitar. – Imori bebe mais um pouco do café e continua. –
Não se esqueça que além de ter os membros necessários, não é nada fácil
conseguir uma audiência com o Conselho. Eles são pessoas bastante ocupadas
matando pessoas, estuprando virgens e fumando maconha. – Ironiza a jovem
que não dava o menor interesse apenas olhando suas unhas para ver se estão bem
feitas enquanto pensa para si mesma "Eu poderia conseguir uma audiência,
mas esse cara não me parece muito confiável, então deixarei por conta e risco
dele..."
- Então se vamos formar uma guild tenho que ir rever velho
amigos... - Argelux subiu rapidamente as escadas da pensão indo até seu quarto,
nele de baixo da cama pegou um baú e o abriu com uma chave que guardava dentro
de uma gaveta no armário.
Então pegou seu velho traje: Vestes pretas,
com símbolo de uma gota de sangue bem no peito. A calça jeans negra era toda
rasgada, e o sobretudo era leve e estava em trapos. Também pegou seu velho
capacete cor de sangu, desceu novamente as escadas e saiu pela porta sem dizer
nada.
- Sabe, para um quezzer que se diz um ex-vice-líder da Dark Blades
esse tal de Argelux não é muito manso não...- Concluía Imori ao vê-lo sair pela
porta tranquilamente.
Ray apenas acenou com a cabeça de maneira positiva,
mas em seguida ponderou “Mas ninguém nunca é de todo ruim nem de todo bem.
Apenas alguns pendem do lado errado, ou não tem as oportunidades corretas.” Sem
duvida era verdade, o assassino do sangue havia mudado tanto que nem ao menos
lembrava a pessoa que tinha sido.